O serviço ajudará tanto a proprietária Yandra Araujo, ex-aluna de Administração, quanto os estudantes, que estão colocando os conhecimentos em prática.
Especialmente no último ano, a maior parte dos empreendedores sentiu necessidade de inserir os próprios negócios em plataformas digitais. Nunca se vendeu tanto por e-commerce e aplicativos como Instagram e WhatsApp ganharam ainda mais relevância e novas utilizações. A proprietária de um salão de beleza especializado em cabelos afro e cacheados, Yandra Araujo, não é exceção: assim que abriu as portas, percebeu as oportunidades que um aplicativo poderia oferecer.
“Todo mundo mexe no celular, a gente pega umas cem vezes por dia, no mínimo. O aplicativo vai me ajudar muito”, comemora a empresária. Ex-aluna da Unifeob, formada em Administração em 2019, ela conhece o espírito empreendedor da Escola de Negócios e sugeriu ao coordenador Dirceu Fernandes o desenvolvimento do app como projeto interdisciplinar para o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS).
“Os olhos são a alma e o cabelo a identidade, o empoderamento”, diz a empreendedora Yandra Araujo
Durante a elaboração do produto, reuniões de alinhamento são realizadas entre os estudantes do 5º módulo de ADS, o docente responsável pelo serviço, Anderson Ribeiro, e Yandra. “Eu estou apaixonada. Amo toda essa troca de experiência. Os professores te deixam muito à vontade e nós, empresários, participamos de todo o projeto, o que é muito gostoso”, afirma. “Estou aprendendo muito, a equipe é maravilhosa. A Unifeob está sendo grandiosíssima”.
Superando preconceitos
Instalado em uma área livre de sua casa, o estabelecimento busca suprir as demandas de um público que normalmente não consegue ter as necessidades atendidas. “Eu quase nunca ia ao salão, porque as pessoas não sabiam cuidar do meu cabelo. E quando ia, era feito um tratamento igual ao de um cabelo liso ou alisado; porém não é. Não são as mesmas regras que se aplicam”, recorda Yandra, que acrescenta que a essência de seu negócio é ser voltado à estima pelo cabelo natural. “Independentemente de ser liso, cachinho pequeno, cacho grande, enfim, com todas as diferenças. É um modo de as pessoas se aceitarem”.
Com tratamentos variados, a empresária visa combater preconceitos impostos pela sociedade. “Eu cresci entendendo que o meu cabelo era errado, que eu precisava ‘domar a minha juba’. E é um padrão que não cabe ao Brasil, que é uma miscigenação total, dos pés à cabeça”, afirma. Para ela, a atividade é também uma maneira de ajudar as pessoas a apreciarem suas características físicas e reforçá-las como identidade. “Os olhos são a alma e o cabelo a identidade, o empoderamento”.
Um desafio da administradora é desconstruir a imagem negativa criada pelas próprias clientes. “Eu trabalho muito com mulheres que, mesmo maduras, ainda têm receio do próprio cabelo”. Segundo Yandra, este é um comportamento menos presente em faixas etárias menores. “Eu amo trabalhar com adolescentes e crianças, é apaixonante ver seus rostinhos. Elas amam os cachinhos, mas ainda sofrem com algumas pessoas que falam palavras que machucam”, alerta. “A minha intenção não é só cuidar do cabelo, mas também desse lado interior, mostrar para elas que é belo, que há opções e um tratamento específico”.
Desenvolvimento do app
A solução de software para o empreendimento de Yandra está sendo desenvolvida por estudantes orientados pelo Prof. Anderson Ribeiro. “Dividimos a sala em quatro times. Cada um está trabalhando em uma funcionalidade do aplicativo. Semanalmente temos feedback e reuniões com as equipes para ajustar rotas e retirar possíveis impedimentos. Conforme cada estrutura é finalizada, entregamos para testes e validação do usuário”, relata. “A ideia é organizar a agenda de atendimentos do salão e diminuir possíveis cancelamentos e esquecimentos dos clientes”.
Yandra reforça a importância do apoio aos empreendedores locais. “Isso agrega muito, os estudantes vão trabalhar com uma empresa daqui, da própria cidade, que vão ajudar a crescer e poder falar: ‘aquela empresa ali, eu ajudei a construir’. É incrível”. Com as informações do app, a proprietária do salão espera otimizar as atividades. “Vai ajudar em vários aspectos. Será um ‘cardápio de serviços’, com os recursos de lembrete, controle do que cada pessoa fez e informações do cadastro”.
“É preciso muita pesquisa para a utilização de novas tecnologias e contato em tempo real com a cliente, para ajudá-la a atingir seus objetivos”, diz o docente de ADS responsável pelo projeto, Anderson Ribeiro
Tudo será utilizado para enriquecer a experiência de cuidar da beleza. “É bacana, porque a gente pode trabalhar em relação a ofertas e mensagens de aniversário. Quando uma empresa me parabeniza, eu sinto que essa marca se importa comigo”. Outra vantagem é a gestão dos serviços realizados. “Eu vou saber, por exemplo, quem gosta muito de pintar o cabelo, de que cor, quando costuma vir. Assim posso preparar promoções e sugerir serviços personalizados, além de trabalhar campanhas para atrair e fidelizar novos clientes”.
Após a finalização das quatro principais funcionalidades, o desenvolvimento completo do software envolverá outro módulo de ADS. “Pensamos em evoluir o projeto com a próxima turma e assim conseguir dar andamento. Para este semestre, esperamos entregar a autenticação do usuário, o registro do perfil, agendamento e listagem de serviços e lembrete de agendamentos por notificação”, lista Anderson. “É preciso muita pesquisa para a utilização de novas tecnologias e contato em tempo real com a cliente, para ajudá-la a atingir seus objetivos”, reforça.
Para o coordenador de Projetos de Tecnologia da Unifeob, Rodrigo Marudi, também gestor da área de Carreiras, projetos como esse trazem mais confiança aos futuros profissionais ao alinhar o que é ensinado na sala de aula com as necessidades reais do mercado. “Isso tem um diferencial enorme. Nas faculdades de antigamente, apenas eram passados conteúdos, técnicas e informações; na Unifeob, os estudantes validam o que estão aprendendo na prática”.
Metodologias Ativas
Quando existe a oportunidade de aplicar o que está sendo visto em um curso em situações reais, especialmente com o envolvimento de empresas da região, o aprendizado é muito maior. Isso é o destaque do Projeto Pedagógico Institucional (PPI) da Unifeob. “Uma prática de aprendizagem não deve contar com uma metodologia apenas, e sim com diferentes estratégias que se conjuguem para despertar o interesse e o engajamento dos estudantes e que sejam capazes de funcionar como uma ponte entre saberes e fazeres”, explica o coordenador da Pós-Graduação de Metodologias Ativas para a Aprendizagem da Unifeob, João Fábio Diniz.
Para a coordenadora pedagógica da instituição, Inês Waitz, é interessante o hábito da Unifeob de fornecer aos docentes os melhores recursos para constantemente melhorarem a experiência na sala de aula, como o curso da Moonshot Educação e as diversas Oficinas Google. “Buscamos oferecer reflexões e ferramentas para aprimorar as práticas já existentes, para cada vez mais proporcionar um aprendizado significativo para os estudantes, para que consigam articular teoria e prática, conhecimento e habilidade e desenvolvam boas atitudes”.