O primeiro mandamento da posse responsável é considerar que o tempo de vida de um animal de estimação é em média 12 anos, sendo que alguns gatos vivem mais de 20 anos. Assim, é preciso refletir que você será responsável pela saúde e bem-estar de um ser vivo durante todo esse período, não dá para “desistir” no meio do caminho…

A segunda coisa a ser considerada, e depois de já refletir sobre a primeira, é que cuidar de um animal de estimação despende tempo e dedicação, ele precisa ser alimentado, educado e/ou adestrado, fazer exercícios, receber cuidados veterinários e carinho. Nesse ponto, vale considerar que cada espécie e raça de animal requer cuidados diferentes, logo, o ideal é pesquisar um pouco sobre aquele animal que se pretende adquirir antes de adotar ou comprar. Algumas situações, como “nossa, mas ele é muito arteiro, estraga as minhas coisas, se eu soubesse que era assim…”.

Mas é só pesquisar! Então, o tamanho do espaço disponível (não dá para ter um Labrador ou um Blue Heeller em um apartamento. Nem, tampouco, é indicado ter um Lhasa apso em uma fazenda.); o tempo que você terá para dedicar-se (gatos por exemplo se distraem e fazem exercícios com atividades lúdicas, brinquedos, normalmente não é necessário sair à rua para passear…). Hoje em dia sabe-se que muitas doenças de cães e gatos são de origem emocional, por mais incrível que possa parecer, animais ansiosos, solitários, deprimidos tem um risco muito maior de desenvolver doenças.

A terceira questão importante é que os animais de estimação necessitam de cuidados veterinários periódicos, não apenas quando estão doentes, uma consulta de “check-up” anual onde se realiza a vacinação; vermifugação a cada 4 meses, produtos para prevenção ou tratamento contra pulgas e carrapatos, a alimentação a base de ração, e rações de boa qualidade. Aqui vale salientar que os ectoparasitas transmitem doenças graves que podem levar os animais a morte e algumas doenças infecciosas como por exemplo a leptospirose são zoonoses, ou seja doenças que podem ser transmitidas dos animais para o homem e portanto é de responsabilidade do tutor ou proprietário realizar o manejo preventivo por meio da vacinação. Também é importante ressaltar que imprevistos e fatalidades acontecem, então antes de adquirir um animal deve se refletir que eventualmente ele pode necessitar de atendimento e até procedimentos cirúrgicos e isso demanda um gasto considerável, portanto, a pessoa deve considerar se está disposta ou se realmente tem condições financeiras para arcar com esses gastos. Muito abandono de animais acontece porque estão doentes…

A última e não menos importante consideração é em relação a domiciliação dos animais. Cães e gatos não devem ter acesso à rua sem a condução do tutor ou seja, devem sair apenas com coleira e guia por vários motivos: risco de atropelamentos, brigas e mordidas, maus tratos, contato com material que carreia doenças ou alimentos deteriorados e claro, o as vezes tão indesejado cruzamento… Para os machos pode ser o momento da transmissão de doenças e para as fêmeas, a cobertura, e como consequência a gestação indesejada e o nascimento de filhotes que poderão as vezes sofrer maus tratos e até serem mortos por conta de não se ter condições de criá-los. Para se ter uma ideia, em países adiantados apenas os canis e gatis registrados e credenciados podem procriar os animais, filhotes vendidos para serem animais de estimação são vendidos já esterilizados ou seja, castrados.

O que se observa muitas vezes na nossa realidade é que algumas raças começam a ficar na moda e ai qualquer um se acha no direito de realizar o cruzamento e vender os filhotes na esperança de ganhar dinheiro (a chamada criação de fundo de quintal!!) e as vezes não tem a mínima noção de cuidados pré e pós natais e muito menos cuidados específicos da raça em questão. Um exemplo que tenho observado muito são os Shih tzus, estão “na moda” e quase todo mundo quer ter um, porém essa raça tem uma predisposição enorme para problemas oftálmicos cujos custos de medicação e tratamento são altos e os tutores muitas vezes não conseguem realizar.

Nesse quesito vai uma sugestão: a castração é a melhor opção, além do cruzamento indesejável, para as fêmeas, a castração previne o tumor de mama (muito comum em cadelas e gatas que não são castradas e ou fazem uso de anticoncepcional) e a piometra ou seja infecção de útero, doenças graves que podem levar o animal a morte.

Por fim de forma geral, para adotar é preciso cuidar, alimentar corretamente, zelar pela saúde e prevenção de doenças, passear só com guia e recolher os dejetos.

Um ditado muito bacana usado por algumas ONGs é “bicho não é brinquedo, sente fome frio e medo”

E mais, antes de adotar ou comprar, se informe sobre abrigos e feiras de adoção, além de adquirir um animal você estará contribuindo para reduzir o número de animais abandonados e assim promovendo uma ação social.

Maria Lúcia Marcucci Torres é docente responsável pelo Depto de Clínica Médica e Cirúrgica de pequenos animais – HOVET UNIFEOB

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